26.3.15

Jorge Luis Borges: "A John Keats": trad. de Augusto de Campos




A John Keats (1795-1821)

Desde o princípio até a jovem morte
A terrível beleza te espreitava
Como a outros tantos a propícia sorte
Ou a má. Nas auroras te esperava

De Londres, entre as páginas casuais
De um dicionário de mitologia,
Nas mais humildes dádivas do dia,
Em um rosto, uma voz, ou nos mortais

Lábios de Fanny Brawne. Ó sucessivo
E arrebatado Keats, que o tempo cega,
Esse alto rouxinol, essa urna grega

São tua eternidade, ó fugitivo.
Foste o fogo. Na pânica memória
Já não és mais a cinza. És a glória.



A John Keats (1795-1821)

Desde el principio hasta la joven muerte
La terrible belleza te acechaba
Como a los otros la propicia suerte
O la adversa. En las albas te esperaba

De Londres, en las páginas casuales
De un diccionario de mitología,
En las comunes dádivas del día,
En un rostro, una voz, y en los mortales

Labios de Fanny Brawne. Oh sucesivo
Y arrebatado Keats, que el tiempo ciega,
El alto ruiseñor y la urna griega

serán tu eternidad, oh fugitivo.
Fuiste el fuego. En la pánica memoria
No eres hoy la ceniza. Eres la gloria.



BORGES, Jorge Luis. "A John Keats". In:_____. Quase Borges. 20 transpoemas e uma entrevista. Tradução de Augusto de Campos. São Paulo: Terracota, 2013.

Um comentário:

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,

grato por postar esse belo poema de Borges!



Abraço forte,
Adriano Nunes